Em 2000, quando fui pela primeira vez visitar a cidade de Londres, fiquei fascinado com o excelente nível de serviço dos transportes públicos daquela cidade. Metro, autocarros e comboios interligados totalmente. Isto significa estações intermodais, onde, saindo de um, se entra logo no outro. Mais, metro e autocarros partilhavam do mesmo tipo de bilhete. Lisboa não tinha na altura nada que se parecesse.
Ontem, ao regressar de uma visita familiar na Serra da Estrela, usando a linha da Beira Alta, cheguei a Santa Apolónia, com a ideia de apanhar um táxi até casa. Cerca de 10 ou 12 minutos de percurso, e uns 5€ de custo. Mas pelo caminho lembrei-me que a estação de metro de Santa Apolónia já abriu. E, apesar de carregar com 2 malas e uma mochila, decidi experimentar esta intermodalidade: comboio, metro, autocarro.Acabado de chegar à estação pelas 22:45h, entrei directamente na estação de metro, usando as escadas rolantes (aquela estação está equipada com elevadores). Nem precisei de me dirigir para o exterior da estação de comboios, que, já agora, está de cara lavada, pintadinha e bem iluminada. Àquela hora a frequência de metros é menor, pelo que esperei uns 4 minutos. Dali segui direitinho ao Marquês, até à paragem do 727 da carris, que fica mesmo à saída da boca do metro. No horário afixado na paragem dizia que deveria arrancar dali um (lembro que àquela hora o 727 inicia ali o seu percurso) pelas 23:28h. Eram 23:15h, pelo que esperei pacientemente, mas sempre com a ideia no pensamento “Dúvido que este horário seja cumprido. Deve ser só para inglês ver”. Caríssimos, eram 23:22h, chegou o dito, terminando ali o trajecto. Entrei, e exactamente às 23:28, não é que o autocarro já estava em marcha? Deixando-me 7 minutos depois em Santos. O bilhete meus caros, era o mesmo: o 7 colinas. Metro, Carris e mais recentemente algumas linhas de cacilheiros, partilham do mesmo suporte físico de bilhete.
Isto é excepcional, meus caros, pois agora sim, podemos dizer que temos, na cidade de lisboa, um sistema de transportes públicos interligado, eficiente e pontual. Como é óbvio, durante as horas de ponta, a carris não consegue respeitar em todas as carreiras esta pontualidade. Mas a culpa, caríssimos, é de todos os que usam o seu veículo privado para se deslocar de, para e pela cidade. Ou seja, todos nós !!!Para o sistema ser idêntico (ou melhor) ao de Londres, só falta mesmo um maior múmero de autocarros por hora e menos, muito menos, automóveis.
Os meus parabéns aos responsáveis da CP, Metropolitano e Carris (alguns deles meus ex-professores no ISEL :)) pelo planeamento e execução destas redes de intermodalidade na cidade de Lisboa.